CATÁLOGO DA BOITEMPO!!!! LIVRO!!!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A TV como esgoto a desaguar na sala.


Puro romantismo é o discurso das elites que pretende justificar a manutenção do equilíbrio psicossocial deste sistema - hoje feito na maioria das vezes por suas ideologias embutidas nas informações – tal discurso defende à preservação da Civilização Ocidental a qual pensamos ou fingimos construir, outrora soerguida sobre o sangue de outras civilizações e que de qualquer forma estamos impregnados daquelas, as quais denominamos “subculturas”. Os interesses são os mesmos: hoje, olhamos derredor, a qualidade de vida, as novas descobertas científicas, a abrangente atividade econômica, chegando como se não fosse um luto estranho pairando no ar. É o progresso com sua hiperrealidade que nos faz pensar como é doce fingir ver emoldurada a democracia, quando olhamos derredor.

Ainda. Eis que estamos expostos a uma infinidade de informações diversificadas, mas absorvidas constantemente, direta e indiretamente na forma subliminar. Informações estas que pouco ou nada contribuímos para sua elaboração.

Segundo o arbítrio econômico e ideológico dessa indústria cultural, a nova classe dominante concluiu o óbvio: que as informações devem condicionar o indivíduo para ser um consumista em potencial ou um excluído em potencial; não um pensador em potencial. Aí reside o sentido dessa ideologia de tentáculos invisíveis, pois que o pensar é inerente ao escolher, sendo que não existe escolha antes do ato de pensar as opções alternativas que antecedem a escolha. Assim, não é necessário pensar, quando as escolhas já vêm prontas.¹

Essas informações são veículos de idéias elaboradas a quilômetros de distancia da nossa realidade psíquica, social e econômica. Dessa forma se dá a manutenção do monopólio do empresariado intelectual, a nova elite.

¹ Segundo o Dicionários Houaiss, a esquizofrenia é ”uma dissociação da ação e do pensamento, expressa em uma sintomatologia variada, como delírios persecutórios, alucinações...”

Um comodismo é induzido de propósito para se tornar um vício, o empresariado intelectual o sabe usar sob o nome de ”serviços”, termo da linguagem de comércio, mas que na verdade o homem vai perdendo o direito de pensar.

Então, como aquelas informações contribuem para a vida social e psicológica dos indivíduos? Aqui vai um exemplo do paradoxo: desvirtuando o sentido das chamadas ”minorias excluídas” como se fossem “podres coitados” e liberando à sorte das inconseqüências, certos grupos homossexuais (não tenho nada contra escolhas pessoais com responsabilidade), que são inclusos à sociedade através de suas coloridas “paradas gays” e aglutinando gente até de outros países, porventura em busca de ensejos e de reciprocidades; tais “paradas” pouco ou nada reivindicam dos seus direitos como verdadeiras minorias excluídas, mas desviando, talvez de propósito, os objetivos conclamados, pela urgência narcisista em ostentar um comportamento sexual anormal, que choca; porém, quando a sociedade defendendo-se desse ataque declarando que tal homossexualidade é “neo-perversa” e sexualmente expansiva? O que acontece? É coibida.

Do último exemplo, podemos entender as contradições dessa nova ordem e a agressividade ideológica veiculada nas informações através de imagens, de gestos, nas músicas, nos slogans, nas idéias, nas tendências, nas gestualidades e nas atitudes reproduzidas, como um assédio amoral e uma invasão inconseqüente que ultrapassam os limites demarcados pelo bom senso, invadindo desde os quintais da privacidade doméstica aos rooms do inconsciente coletivo. Esse talvez seja o modelo mais peçonhento de propaganda pós-moderna.

Cabe lembrar certos grupos, como as minorias ou as tribos sociais. Eles imaginam que seu “anticonvencionalismo” é prova de sua liberdade, porém, são manipuláveis e mais escravizáveis que o senso comum. Na verdade, todas as tendências que compõem seu estilo de vida, desde o uso de determinadas drogas (tiro pela culatra do potencial revolucionário) características ao grupo, passando pelas indumentárias, modo de se comunicar até dos artistas fantoches que idolatram, consomem e defendem como numa torcida de futebol, hoje todas elas foram pré-fabricadas, com a mesma lógica de sedução dos produtos nas prateleiras, para atenderem as necessidades de cada facção destes revoltados sem causa, no intuito infalível de neutralizá-los porque a elite intelectual governante do sistema sabe, por fatos históricos irrefutáveis, que a revolta quando coletivizada destitui reis.

Como já citei acima, quanto às informações, voláteis ou não, ora intangível aos cinco sentidos, ora concretamente plausível quando apreciadas pelo intelecto geralmente debilitado ou desatualizado do povo brasileiro, são assimiladas em nosso acervo mental, menos para o bem do que para o mal; menos para a liberdade do que para cativeiro; menos para o inconformismo do que o seu contrário. O que se imagina acontecer, por exemplo, na consciência de milhares de expectadores adolescentes que absorvem tais apelos?

Observe as pesquisas com seus índices repletos de eufemismos. Veja como eles mentem diminuindo os fatos e ouça nas ondas sonoras, nos fótons pornográficos da televisão global - essa TV que no meio da sala de estar foi posta sobre um altar de adoração apregoando o sensualismo cotidiano – a imagem e o som nosso de cada dia, que estimula a gravidez precoce, o aborto caseiro ou profissional, o desequilíbrio nos lares à cata de quem possa tragar, pela confusão da hierarquia doméstica quando pais apanham dos filhos; as frustrações e o consumo crescente de drogas; os subterfúgios nas imbecilidades materializada em gladiadores-torcedores tão convictos de suas causas, as alienações recém desabrochadas com seus frutos a serem colhidos daqui à trinta anos e da conclusão que se fará da descoberta de outra forma novas de selvagerias.

Puni-se o transgressor, mas não instituição responsável, que veicula a perversidade como fonte de inspiração para os delitos, que ao pé do ouvido, são sussurrando a capella, de tal maneira que, enquanto se esquiva das possíveis e contornáveis culpas, segue estimulando a criminalidade. Pergunto: ela, a autora intelectual, não é punida, porque é uma “lei” paralela a Lei? Um estado paralelo ao Estado? Uma economia paralela a economia nacional? As vezes me assusto com a possibilidade de que a TV seja um esgoto a desaguar na sala de estar, em meio as famílias, um outro tipo de lixo ainda a ser estudado que a nova elite intelectual despeja.